segunda-feira, 9 de junho de 2014

Uma nova espécie

O continente africano, Terra dos parentes distantes que trouxe para os exploradores grande quantidade de riqueza.
No mesmo lugar em que a espécie humana foi descoberta, recentemente através do Yoga descobri um novo tipo de Homo sapiens sapiens.

O Homo Guerreiro ou Guerreiro da Mudança, diferente do Homo sapiens sapiens, ele não discute problemas sociais com teorias elaboradas, ele coloca em prática;

O Guerreiro tem boas ações, além de boas intenções. Ele não sobrepõe os interesses pessoais acima dos coletivos.

O Guerreiro valoriza e aprecia as verdadeiras riquezas, ele tem tempo!

Ele não tem medo - tem amor. Ele não teme nem mesmo a morte, porque vive a vida e sabe: o que é da terra, retornará à terra.

O Guerreiro não faz caridade, ele melhora a qualidade de vida.

Ele não guarda - compartilha. Ele não inveja, reconhece.

O Guerreiro olha nos olhos quando fala e transborda o calor humano com um simples toque.

Ele é firme, comprometido e tem palavra.

O Guerreiro se conecta com as pessoas e com a natureza. Ele entende que todos são um só e sabe - com muita consciência - da lei mais natural e antiga: What goes around, comes around" - Tudo o que vai, volta.
 

É com muita felicidade que apresento a São Paulo a espécie humana encontrada na África. Talvez você nunca tenha escutado falar dela, mas não se preocupe, ela não está em extinção. Ela está apenas começando.

Africa Yoga Project – Be a Warrior of Change – Nairobi, Quênia – Africa.


Pra quem não teve a oportunidade de conferir a exposição de fotos que rolou sobre a minha experiência no Quênia, no Africa Yoga Project aqui estão as fotos :) Elas estão completamente sem tratamento nenhum, sem photoshop, exatamente do jeito que saíram da máquina, pois para mim toda essa aventura já foi naturalmente perfeita.
A ordem das fotos representa o contato que tive com os facilitadores do projeto que dedicam por essa causa 24 horas do seu dia, as crianças da comunidade, a vivência em ter ensinado yoga para elas e como eles fazem isso com uma alegria sem tamanho.












Nos últimos dias de viagem entramos em contato com a natureza e o grupo todo foi para uma região linda de lagos do Quênia. Me identifiquei muito com essa parte da viagem, pois foi o momento em que consegui perceber e sentir muita paz. É impressionante como a vibração natural, cheiro e o contato com natureza transforma os homens. 




David expressou esse momento de uma maneira muito bela quando ao pisar em terra verde a sua primeira reação foi abrir os braços como se ele fosse a natureza e a natureza fosse ele.




O humor se transformou junto com a paisagem, Basílio foi a melhor caracterização da euforia e felicidade de estar no ambiente natural..


Ficamos maravilhados ao ver zebras e girafas convivendo tão perto e tranquilamente de nós.


Jacob, o Massai nos ensina que a natureza é justa e tudo o que é da terra, retorna para terra. 




 E da mesma maneira..seguimos nosso caminho e retornamos para cidade

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Africa Yoga Project




 Todos que convivem comigo sabem o quanto o Yoga se tornou parte da minha vida e o quanto eu considero essa prática importante.  O Yoga tem ajudado milhares de pessoas no mundo em função da sua capacidade de conferir aos praticantes a firmeza mental, física e emocional.

A prática incentiva cada indivíduo a ter coragem para seguir a sua própria natureza, o Yoga lhe torna corajoso o bastante para escutar o seu próprio coração e fluir com você mesmo. O praticante se torna potencial puro, e a partir do momento em que ele se torna consciente disso existe uma fonte infinita de orientação e direcionamento.


Pouca coisa é necessária para transformar inteiramente uma vida, com certeza o amor, a compaixão e um belo sorriso são ingredientes capazes de gerar essa mudança.  O Africa Yoga Project é uma organização que tem esses ingredientes de sobra, e através de projetos que envolvem a prática do yoga, a organização confere autossuficiência, a geração de novos empregos e autonomia para a juventude queniana.




Sempre acreditei que aquilo que afeta diretamente uma pessoa, afeta a todos indiretamente. E isso tem um significado importante, pois ao entrar nesse projeto assumi junto com o AYP a missão de ajudar na formação de 50 novos instrutores de yoga. Alcançar esse objetivo significa criar uma corrente positiva muito grande. Como instrutora formada, sei que apenas um instrutor já é capaz de influenciar positivamente muitas pessoas, imagine 50! A cada USD 1.000 arrecadados o projeto consegue formar 4 novos instrutores. Paralelo às atividades de Yoga o AYP também direciona recursos para financiar bolsas de estudos e assistência médica para ajudar no combate da HIV. Independente de ser na África, somos todos cidadãos do mundo. Não precisamos entrar para história para fazer um mundo melhor, apenas temos que viver da melhor maneira possível e acreditar que cada ação positiva gera uma reação positiva.



Compartilhe um sorriso, incentive a coragem, invente a vida, encha de esperança, enriqueça de bondade e viva a luz de poder ajudar seu semelhante. Somos todos um. Colabore com o Africa Yoga Project.


Pranam,
Milla Monteiro



COLABORE AQUI

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English version Available here:

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quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Viagem Yogi à Índia


Faz um tempo que estou para escrever sobre a minha viagem à Índia. Fico muito contente em receber perguntas e emails me pedindo dicas sobre a Índia, mas acabo sempre demorando muito pra responder porque é algo que não quero fazer de qualquer jeito. Tem muitos detalhes, sensações, percepções e histórias que fizeram parte dessa experiência e que eu gostaria de compartilhar.
Eu não conheci a Índia toda – longe disso – inclusive essa foi a minha primeira viagem e deu pra perceber que tem muita informação e cultura que precisam ser absorvidas.
Fui para Índia com o propósito de encontrar a minha guru e passar com ela um tempo em seu ashram. O meu primeiro conselho para quem vai à Índia é definir o objetivo dessa viagem. O que você está buscando? Qual a sua energia? A Índia é muito grande, mas te garanto que aquilo que você estiver vibrando virá de encontro a você.
Eu decidi ir pra Índia depois que finalizei com a Sindu o meu curso de formação de professora de yoga em Barcelona, não foi nada planejado, entretanto o objetivo da viagem era mais do que claro para mim. Decidi, então passar setembro até metade de novembro nessa jornada incrível. Como estava em Barcelona a melhor opção de aeroporto que tinha era chegar por Bangalore, em função da proximidade da cidade com os meus pontos de interesse.

A parte mais estressante da viagem foi a chegada. Fiz conexão em Paris e acabei perdendo o voo para Bangalore, além disso na imigração eles foram bem rígidos e não muito simpáticos. Aqui vão as primeiras dicas: Antes de viajar é necessário tirar visto. O primeiro visto para viajar à Índia é necessariamente de 3 meses de duração, apenas após a primeira ida ao país que você pode solicitar um visto com duração de até 6 meses. Quando você sair do país, você automaticamente precisa de outro visto para entrar e é necessário esperar alguns meses para solicitar novamente outro visto. Então se você pretende visitar a Índia e aproveitar para fazer um tour pela Ásia e retornar à Índia, tenha muita atenção ao solicitar o visto para informar o desejo de possuir “entradas múltiplas”. Fora isso, dependendo de quanto tempo você pretender viajar pela Índia, não solicite o seu visto com muita antecedência da viagem, pois os três meses começam a contar a partir da emissão do visto e não da sua entrada no país.
A outra dica para não ter problemas na imigração, especialmente se você for uma garota viajando sozinha, é estar em dia com as vacinas. Países como o Brasil, onde existem casos de febre amarela obriga os cidadãos provenientes desses locais a viajar vacinados com antecedência de pelo menos 15 dias. Outras vacinas também são recomendadas, mas não obrigatórias, como por exemplo, febre tifoide, hepatite, tétano e profilaxia da malária. Também é muito importante ter repelente e levar mosquiteiros para dormir a noite.

Passado a imigração, cheguei por volta das 2 a.m. em Bangalore, meio assustada, caía uma chuva torrencial no aeroporto. Paguei em torno de 15,00 euros de taxi até o meu hotel, as ruas eram muito escuras e a noite não havia ninguém. Fiquei apenas dois dias em Bangalore e considero que foram mais do que suficientes. Eu não tinha muitos pontos de interesse por aqui, acabei indo no Jardim botânico, visitei alguns museus que tinham bastante galerias de arte e comprei o meu primeiro Saari (essa parte foi bastante divertida). Eu tinha planos de visitar o ashram do Sri Sri (Arte de Viver) em Bangalore apenas na volta – inclusive a equipe da Arte de Viver de São Paulo me fez um convite super carinhoso –  mas acabei optando por ficar mais tempo com a minha guru.

Milla indiazinha

Tenho que dizer que desde o primeiro dia que cheguei fiquei impressionada com os cheiros da Índia. Tudo aqui cheira a flores – mais especificamente jasmim – e incenso. Uma delícia, até dentro dos ônibus públicos eles enfeitam com flores e colocam incenso. Em todas as lojas que fui eles me receberam com masala chai e muita cordialidade. Os indianos são muito bons vendedores, é impressionante a paciência que eles tem pra te convencer a comprar alguma coisa (mesmo que você não precise e nem tenha dinheiro). Isso mesmo!! Algumas vezes experimentei falar a desculpa de que eu não tinha dinheiro para pagar, e o que eles me responderam? – Não tem problema, pode levar depois você volta e paga! Eu sei que você vai voltar. Nunca vi isso na vida, uma amiga que fiz durante a viagem fez a besteira de falar isso numa joalheria e saiu usando um colar maravilhoso de Zafira que ela nem tinha pagado... Imagina isso?? Esse é outro ponto que me deixou maravilhada da cultura indiana, a ingenuidade que eles tem. Não sei se foi coincidência, ou se foram os lugares que visitei, mas todos eles, sem exceção me transmitiram essa sensação. Podia deixar minha bolsa em cima de uma mesa, levantar, ir ao toalete e voltar que a bolsa estava lá intacta (infelizmente não posso dizer o mesmo de Barcelona.. lá era piscou, levou)

Outra coisa que me impressionou foi o trânsito e a maneira como eles dirigem. Eu não encano muito com essas coisas de “perigo”, desde pequena sempre pedia pro meu irmão pilotar a bike mais rápido, fazer manobras mais radicais e coisas do gênero. Eu adoro acho uma aventura. Mas lá confesso que por várias vezes me peguei meio tensa durante as viagens e especialmente com os Tuk-Tuks.

Rikshaw maneiro

É muita loucura, não tem sinalização e não respeitam farol. No meio da estrada, ao fazer uma ultrapassagem o carro vindo no outro sentido, ao invés de voltar pra pista, quando viam que o carro não diminuía e nem desviava, jogavam o ônibus pro acostamento do outro lado da pista. E na serra então, vários trechos cegos e o motorista nem aí .. Era uma aventura toda a vez que decidia sair de uma cidade para outra!

Na sequência de Bangalore, segui para Mysore – cidade conhecida como o paraíso do Ashtanga Vinyasa Yoga. Tive que acordar 6 da matina pra pegar o ônibus até Mysore. Essa cidade tem uma energia muito boa, lembra uma coisa meio de interior. Tem muitos lugares a conhecer, templos especiais e pessoas mais queridas. Durante o tempo que fiquei aqui, fui num mercado de especiarias e frutas, coloquei uma coroa linda de flores de jasmim no cabelo almocei no melhor restaurante da vida, lá o garçom me ensinou a falar “Chanaiguidê” (não sei como escreve, mas significa “muito bom” e toda vez que eu falava isso a galera ia a loucura). 
temperos indianos

o paraíso das especiarias

Templo do Mysore Palace

Mysore Palace

pausa para o lanche, banana nanica ica ica


Cheguei falando “Chanaiguidê” no hotel onde fiquei e uma velinha muito fofa me amou e me acolheu, e me levou pra fazer compras e a um salão de beleza local – que eu jamais teria a oportunidade de conhecer – e lá eu fiz meu Mehndi!! Para quem não sabe o Mehndi é uma arte feita na pele à henna. Essa arte é feita para enfeitar as mulheres no dia do seu casamento. Aqui a maioria das coisas mais lindas são para as mulheres quando elas vão casar. Por mais que eu esteja longe disso, quis muito fazer essa arte e ficou a coisa mais linda.

mega empolgada com meu Mehndi
Sem dúvida, essa cidade tem a sua energia. Aqui visitei um templo e ganhei uma pulseira abençoada por um monge.. muito especial. Além disso, se você quiser procurar ashrams para passar algumas semanas por aqui, tem muitas opções boas. O próprio ashram do Patthabi Jois fica por aqui...

Depois de Mysore segui em direção a Ooty. Acordei cedo pra pegar o ônibus que pra variar atrasou mais de uma hora (na Índia tudo atrasa) e quando o “ônibus” chegou pra minha surpresa era uma furgoneta muito roots. Fui sentada apertada no banco da frente, ao lado do motorista e do motor, provavelmente porque apenas eu deveria caber naquele banco, mas a viagem foi muito legal. 

Ta em ótimo estado, né? Eu amei o incenso que foi colado com superbonder

mesmo dirigindo ele não quis perder de fazer pose pra foto


Até chegar em Ooty eu parei em dois parques nacionais, lindos de se emocionar, com direito a família de elefantes selvagens, macacos, veados, pássaros lindos e porquinhos selvagens. O primeiro foi a reserva de tigres chamada Badipur, ainda em Karnataka e o segundo foi Mudumalai já no estado de Tamil Nadu. 

Ele só deixou eu chegar perto..

familia de elefantes selvagens, muito emocionante


Logo depois de partir desses lugares encantadores paramos em uma região de cachoeiras chamada Nilgiris Falls. Durante esse tempo perdi as contas de quantas vezes chorei de emoção. Ar puro, paisagem estonteante e uma sensação muito forte de liberdade. Várias lágrimas se escorreram dos meus olhos pela gratidão e felicidade que eu estava sentido de poder vivenciar e enxergar aquilo com os meus próprios olhos. 

Na serra de Nilgiri



A alegria e a "segurança" dos passageiros do onibus


Quando cheguei em Ooty, fui logo comer em um lugar bem simplesinho, mas que tinha uma comida razoável e muito barata. Em geral, comida na Índia é muito barata, mas esse lugar acho que bateu o recorde. Em uma refeição completa gastei 155,00 rúpias, o equivalente a 5,50 reais. Essa refeição foi muito especial porque um casal me convidou para compartilhar a mesa com eles. Isso acabou acontecendo algumas outras vezes, mas essa como foi a primeira foi muito especial. As pessoas me viam e ficavam com um pouco de pena por eu estar comendo sozinha.. Eles não sabem que eu estava amando e muito feliz por isso, para eles era difícil de entender. Muitas famílias fizeram isso e durante a refeição eles aproveitavam pra tirar toda a curiosidade a meu respeito. Os indianos são muito curiosos e fazem perguntas que para nós seriam consideradas indiscretas, mas para eles é normal. Por exemplo, quantos anos eu tenho, se eu estou solteira, qual o motivo de não ter casado, sobre meus pais e avós, se são casados, quanto ganham de salário, quanto eu gastei nos lugares que eu fiquei, quanto eu ainda tenho de dinheiro pra gastar, o que eu fiz de formação, etc etc.

A chegada em Ooty foi bem legal, lá é bem friozinho a temperatura local quando cheguei era de 8 graus, sem contar o vento e garoa fininha. Cheguei num hotel sem internet e água quente. Aliás não espere encontrar muitos lugares na Índia com água quente, a menos que seja um hotel de luxo e para turistas. Confesso que nessa noite não tive coragem de tomar banho. Em Ooty você pode encontrar ótimas opções de trecking, canoagem e esportes radicais em geral, até escalada. Lá é muito lindo e se você não tem medo de frio e água gelada pode entrar nas cachoeiras que são muito lindas também. Tem uma opção bem especial que é chegar em Ooty de trem, é um trenzinho bem rústico, meio Maria fumaça, e é o único trem que sobe as montanhas pelo meio da mata. Ooty também é o paraíso dos chocolates artesanais, até eu que não sou nem um pouco fã de chocolate me deliciei com um chocolate branco misturado com frutas secas e castanhas..

Depois de Ooty fui rumo à cidade de Coimbatore. Fui para esse lugar com o objetivo de ficar alguns dias no Isha Foundation e quando cheguei lá, a primeira coisa que pensei foi: estou no paraíso.

ISHA FOUNDATION: A EXPERIÊNCIA


Minha experiência no ashram foi maravilhosa. Lá é um lugar cheio de vida por todos os cantos, com pessoas alegres que amam e acreditam muito no que fazem. O curso que acabei fazendo lá não era exatamente o que eu esperava, porque eu acabei tomando mais cuidado em escolher o ashram do que o próprio curso em si. 
Ficar uns dias no Isha foi como tirar férias das férias, da pra acreditar? Minha turma tinha cerca de 16 pessoas todas bem mais velhas do que eu, mas muito queridas. A comida do lugar era incrível, tudo feito com muito amor e carinho, uma comida cheia de prana. Literalmente eu sentia que estava comendo vida. Aqui aprendi uma coisa que gostaria de levar comigo por toda vida e fazer disso um hábito que é agradecer pela comida que tenho no meu prato. Acho que nunca desenvolvi esse hábito porque nunca passei fome, mas não é preciso passar por maus bocados para aprender a agradecer. Vou agradecer a qualquer coisa que eu coloque no meu corpo para me dar vida, alegria, energia e satisfazer os meus desejos alimentares. Aqui aprendi outra coisa que eu precisava começar a fazer: desfrutar mais da comida e comer mais devagar. Assisti um vídeo com o Sadhguru e ele disse que grande parte da digestão ocorre na boca. Isso quer dizer que eu estava muito errada! 
Além disso, ele falou bastante sobre os alimentos, existem aqueles que quando você come te dão mais prana, como por exemplo, vegetais, mel, castanhas e frutas. Alimentos positivos para o prana significa que quando você os come eles serão rapidamente digeridos, e te dão energia porque não exigem do organismo muito esforço no processo digestivo. Além disso, é possível comer esses alimentos crus. Esses alimentos crus são perfeitos para te dar energia e estão cheios de vida. Alimentos neutros energeticamente falando, ele citou como exemplo tomate e batata e os alimentos que são negativos para o prana, ou seja que consomem muita energia do corpo para que ocorra o processo digestivo, são alho, cebola, pimentão, berinjela, toxinas, café, chá preto e verde ou qualquer outro estimulante nervoso. O Sadhguru também é a favor da alimentação espaçada. Para ele e na ayurveda, é necessário dar ao corpo tempo suficiente entre as refeições para que ele possa se limpar. Então, aqui não existe a teoria de que é necessário se alimentar de três em três horas. E a propósito, depois de escutar as mil teorias do mundo ocidental e escutar o que os mestres e a ayurveda dizem sobre o corpo, cheguei a conclusão que o mais sensato a fazer é parar de escutar o que os outros dizem sobre comida e começar a escutar o seu corpo.

O penúltimo dia foi muito especial porque era aniversário do Sadhguru, teve uma festinha que foi muito linda. Esse dia de manhã eu já havia chorado no templo com o canto de uma mulher e me emocionei de novo com as apresentações musicais que tiveram em homenagem ao Sadhguru. Algumas coisas foram ditas nesse momento especial e uma delas eu gostaria de registrar. Sadhguru falou sobre Vairagya. Ele definiu essa palavra com a frase “To see without colour”, enxergar sem cor. Essa metáfora significa que quando você vê algo com cor é justamente a luz refletindo naquele pigmento que tem todas as cores menos uma, a que nós enxergamos. A luz, por sua vez, é apenas luz ela não tem cor. Isso significa que ela é transparente, que ela reflete as cores como as cores são, porque através dela se passam todas as cores e ela não interfere naquilo que ela reflete. Esse é o ponto, nós devemos ser a luz que enxerga as coisas como elas são. Ao invés de tentar colorir as coisas da maneira que nós queremos, devemos ver as coisas como são, aceitar e se entregar a existência, porque se aceitamos isso podemos ser todas as cores. Se colorimos tudo de rosa podemos ter algo bonito e colorido, mas é apenas rosa é apenas isso, uma ilusão de uma única cor. As coisas são como são e devemos enxergar elas assim.

Tive uma experiência incrível nesse lugar, e assim como o que senti em Barcelona, após o curso com a Sindu, valorizei ainda mais a importância da experiência. Experimentar as coisas é muito mais importante do que qualquer teoria. Teorias são questionáveis, sempre podem ser colocadas em cheque, agora experiências são suas e vão fazer parte de você e ninguém pode questionar o momento que você viveu.

quedinha de água nos arredores do ashram



visual da sala de prática

Turma junta :) Pranam

Nossa, acabei de ser interrompida pelo porteiro, nossa!!! Faz um tempinho que estou para escrever sobre essa viagem, e agora, bem agora que eu estou escrevendo sobre isso, acaba de chegar uma carta de um velinho que conheci em Varkala, estou muito emocionada.. Mesmo. Eu o vi tocando gaita sozinho em um degrau e parei para apreciar, pois meu pai e meu irmão tocam gaita e é um som que eu amo, começamos a conversar e nos tornamos amigos. Ele tirou algumas fotos nossas com uma máquina analógica e disse que iria me mandar. Ia continuar a falar sobre a viagem, mas vou encerrar com a carta que ele me escreveu, estou chocada. Depois continuo o post sobre o resto da aventura...

Dearest Camilla,
Excellent and fine life style for all of us.
Life is a game and nobody wins. Live and enjoy your own life.
One must have positive mental approach with confidence and curiosity and consistency in daily good activities. Activity is life. Victory or defeat is temporary.
Simple and clean people are richest in the world. Actions are always mightier than mere talks. One must love decent life. We all can enjoy sunrise, sunset, breeze, seashores, stars, moon, mountains, flora and fauna.
The earth – water – sun – air and sky are five powers.
It is always better to associate with nice people and nature than mockers or shabby places. See what you do, do not watch what others do. Never show a person his or her level. Fools rush-in where angels fear to tread. Nobody is ideal or perfect completely. Instincts are irrepressible. Because world is full of males and females only.
I will remember you forever. You are a very nice girl ever seen. Do write me. A happy New Year
With sincere regards,

Serendipity


Quando me despedi, ele definiu o nosso encontro como “Serendipity” que significa uma surpresa agradável ou uma coincidência feliz, espacialmente quando, por acidente, você acaba por encontra alguém ou algo bom sem estar procurando por isso.
Por essas e outras que eu amo estar viva.

Namaste :) muito feliz. 

domingo, 22 de dezembro de 2013

Mudança de vida


Já faz algum tempo que estou pra escrever sobre isso.. a minha mudança de vida. 

Para quem não sabe, sou formada em relações internacionais pela ESPM e durante quase toda facu trabalhei em banco (sim isso mesmo)

Esse período da minha vida foi um momento que me enriqueceu muito como pessoa, mas que também foi fundamental para que eu percebesse uma série de outras coisas..

Durante esses anos da minha vida eu decidi fazer tudo. Decidi estagiar, 6 meses depois recebi uma proposta do banco pra efetivação e decidi virar bancária, paralelo a isso decidi que daria aulas de yoga, que queria namorar e ainda por cima que faria o meu TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) sozinha. Já posso adiantar que o romance terminou e que tirei 10 no TCC (alguma coisa tinha que fazer mega bem feito).

Brincadeiras a parte.. A rotina na faculdade era a mais leve. Sempre fui muito focada e durante as aulas eu tentava ao máximo ouvir e questionar tudo o que professor tinha pra dizer porque eu sabia que eu não teria tempo para estudar.

A rotina do banco era um pouco mais cansativa. Quando falava para os outros que trabalhava lá as pessoas sempre me olhavam com aquela carinha de surpresa e diziam que não tinha nada a ver comigo, ou então, que eu era louca..
Acontece que eu entrei lá por um mero acaso, pois a ESPM exige que os alunos tenham um período de experiência profissional para poder se formar. Fui atrás dessa experiência e acabei fazendo isso melhor do que eu pensava. Descobri que eu servia para o negócio e que não era um trabalho tão difícil de ser feito (apesar de muita gente achar dificuldade). Trabalhava na área internacional do banco, Global Banking, e lidava com produtos financeiros que auxiliavam a compra e venda, exportação e importação de commodities (grãos, minério, combustível, etc.).

Foi uma oportunidade muito legal, pois eu tive a chance de experienciar o que as pessoas chamam de mundo real. Sabe o mundo real? Acordar cedo, ir pro trabalho, engolir sapo, respeitar hierarquia, fazer social, politicagem, ter responsabilidades, ganhar o seu dinheiro, autonomia, “liberdade”..  e além disso, o status de trabalhar em banco que muita gente se prende nesse tipo de coisa, inclusive eu me prendi por um tempo...  Faltando dois anos pra me formar ganhava um salário que nunca imaginei que ganharia, mas também passei por coisas que nunca imaginei que iria passar.

Eu costumo dizer que a maior sorte que eu tive foi ter um chefe bacana que apesar de ser meio fora dos padrões, confiou muito no meu potencial e me botou de cara pra pessoas no ambiente corporativo super influentes. A partir desse contato pude visualizar toda a minha carreira corporativa. Eu sabia exatamente o que eles queriam e esperavam de mim e pra levar a minha carreira adiante era apenas uma questão de escolha própria.

Quais eram os prós e os contras dessa escolha? O primeiro ponto era sem duvida a comodidade. É impressionante o que o ser humano faz para manter-se na zona de conforto. Eu comecei a ganhar um salário super bom e me acostumei com uma vida boa sustentada única e exclusivamente por mim.
Grande parte dos meus amigos estão espalhados pelo mundo, então amava a liberdade de poder viajar quando eu quisesse. Nesse período acabei indo pra NY duas vezes, Floripa (perdi as contas), Balneário, Praia do Forte, Peru, França, Alemanha, Italia e Espanha, e o melhor: sem passar vontade alguma.. fiz tudo o que eu queria. 
Isso foi ótimo por um tempo, e pra ser sincera era a única coisa que compensava viver a vida no ambiente corporativo. Eu não quero desmerecer a chance que tive e nem o aprendizado, que foram incríveis e agradeço muito ao universo por isso, mas é um ambiente estressante. Por mais que você não se abale você gasta muita energia se blindando, energia essa que podia ser canalizada para algo super positivo. 
Durante o período que estive lá presenciei funcionários de longa data passarem por depressões profundas, crises de irritablidade, crise do pânico, ataque cardíaco, AVC, obesidade, sedentarismo, conformismo, vitimismo (acabei de inventar, é a mania de se fazer de vitima), vi algumas dessas mesmas pessoas serem demitidas do dia pra noite, depois de anos de rugas e cabelos brancos dedicados ao banco, e o pior: tínhamos que fingir que tudo isso era normal. E na verdade é, faz parte do game..
A gota d’agua foi quando uma mulher perdeu parcialmente os movimentos da face após receber a noticia de quanto seria o bônus de final do ano. Sem contar o que eu tive que aturar de assédio sexual e moral e ainda pra finalizar picuinha, fofoca e intriga de gente mal resolvida e insegura. Por mais que eu conseguisse lidar com esse tipo de situação, isso fez com que eu percebesse que eu teria que viajar MUIIITOOO pra relaxar em floripa e praticar o triplo de yoga para poder manter a energia vibrante. Comecei a me questionar se tudo isso valeria a pena, se compensaria trabalhar 12 meses na espera de 1 mês de desfrute e prazer.

Mesmo tendo essa rotina corrida fazia questão de dedicar algumas horas do dia para aquilo que me desse prazer, e isso foi o sopro que deu asas para manter meu sonho vivo.  E é o que recomendo a todos. Por mais corrida que seja a sua rotina, arrume um tempo para si. Arrume um tempo para respirar, descansar e relaxar e o mais importante: Não se cobre por fazer isso. Por mais que tudo esteja desabando.. pare! Você pode não se dar conta, mas na maioria das vezes as coisas desabam justamente porque deixamos de cuidar de nós
Independente do ambiente que você viva, as pessoas que mais se destacam são aquelas que são saudáveis, que tem uma boa aparência (não esteticamente), mas que transmitem algo de bom. Isso só é possível quando cuidamos de nós. Em todos os lugares, seja no banco ou mundo a fora as pessoas buscam se aproximar e se relacionar com pessoas positivas.



Diferentemente disso, quanto mais pessoas eu conversava, mais problemas eu escutava e mais eu via como elas estavam vivendo de uma maneira negativa, reclamando o tempo todo e de tudo, mas ao mesmo tempo sem fazer nada para mudar a situação. Eu ficava impressionada, porém não surpresa com todos os resultados de pesquisa de satisfação do banco. Os resultados mostravam que as pessoas que trabalhavam ali estavam super infelizes e não consideravam aquele ambiente um lugar mentalmente saudável para estar. A pergunta é: Se estamos infelizes, por que não mudamos?

No mundo real vi que não é tão fácil assim mudar.. Eu mesma que nem tinha muitos deveres reais que me “obrigassem” a me manter naquele trabalho, demorei pra sair e pra tomar a atitude de ir atrás do que fazia sentido para mim. Tinha na minha cabeça que estava “presa” e que não podia ir muito longe por conta da faculdade e que não fazia sentido eu sair do trabalho sendo que eu ainda tinha que me formar, e bem ou mal o banco me ajudou durante esse processo. Eu tinha apenas um argumento que na minha cabeça podia servir de desculpa  e me agarrei nele fortemente, imagina então quem tem filhos, casa, conta, comida, escola, seguro de saúde, etc pra pagar.. Como faz pra ir atrás do sonho e de algo que te toque?
Eu não tenho a resposta direta pra isso, mas posso indicar um ponto de partida. Onde quer que você esteja trabalhando, por mais que não goste e ache isso um saco, mas que por “n” motivos não consegue sair, comece mudando a sua atitude para com o seu trabalho. Ao invés de encarar tudo com a negatividade, comece a encarar com a positividade. Por mais que não seja a vida que você sempre sonhou aquilo faz parte da sua realidade e você depreende bastante energia nesse trabalho. Sem contar que o seu sustento, a sua comida, o seu lazer, tudo é fruto daquela atividade, então levante todos os dias da sua cama sendo agradecido por ter isso.
Segundo, se realmente você sabe que não é isso o que quer, encare o seu trabalho como algo temporário e não arrume mais comodidades e responsabilidades que te façam ficar preso nele, isso inclui principalmente saber utilizar o cartão de crédito. Terceiro, tenha coragem.. comece a pensar nos seus sonhos e desenvolva alternativas para você, pense em coisas que te fariam acordar e dormir feliz. E por ultimo: dê uma chance para si mesmo. Esse é um dos passos mais importantes. Dar uma chance a si significa ser leve o suficiente para se permitir. Permita-se acertar e errar, a vida é feita de dualidade se existe o certo é porque existe o errado e ninguém consegue permanecer em apenas um desses caminhos o tempo todo.

Por não deixar de fazer o que eu amava, eu não era apenas uma bancária, era uma bancária yogi, em meio a toda essa correria ainda praticava e em algumas manhãs dava aulas no parque para conhecidos e amigos.  Esse foi o começo do estalo que faltava na minha vida. Paralelo a isso, com o sucesso do meu TCC surgiram algumas ideias de mestrados fora do país, coisas que para mim pareceram bem interessantes, mas que para seguir em frente teria que abrir mão do conforto e segurança que o banco me proporcionava com o salário e benefícios.
Então um belo dia decidi dar o primeiro passo a favor do que me fazia feliz e escutar mais aquela minha vozinha interior.

Essa voz, que eu chamo "a voz do coração" apontou em todos os sentidos para uma coisa: A vontade de viver. Não podia acreditar que a vida se resumia nessa rotina e que seria isso até os meus 50, 60 anos até esperar a aposentadoria pra descansar. Todo mundo fala em conforto quando você ficar mais velho, mais pra mim a vida estava rolando agora, e quanto mais tempo eu passava sentada na minha cadeira executiva, mais eu sentia a vida passar. Olhava pela janela via um sol maravilhoso, sentia vontade de sair correndo, de ir pra praia, de ficar deitada na grama, de ir almoçar com minha vozinha, de ficar com meu cachorro, de conhecer outros países. Nunca fui uma pessoa reclamona, sempre toquei o barco e fiz tudo, mas no fundo eu sabia que não estava aproveitando o melhor de mim.. eu podia fazer mais e ser mais feliz.

Na decisão de ser feliz faz parte parar de viver a nossa vida em função da expectativa alheia, porque no final das contas nós nunca podemos ter certeza do que os outros esperam de nós. Temos que saber o que nós esperamos de nós mesmos. Onde nós queremos chegar? E o mais importante, temos que dar essa chance a nós mesmos. Temos o direito de ir atrás daquilo que nos faz feliz. Temos o direito de dedicar pelo menos algumas horas do nosso dia a alguma coisa que faz o nosso coração vibrar, que faz o dia valer a pena e que faz a vida valer a pena. Não podemos aceitar a possibilidade de viver a vida no automático, e tampouco de aceitar as pequenas recompensas que esse tipo de caminho trás como se fosse algo real, pois não é.

Existem muitos amigos que falam que pra mim foi fácil, porque eu tinha alternativas, porque eu tinha um sonho, porque eu tenho o yoga, mas na verdade eu acredito que todos nós temos um sonho, e que não deveríamos ter medo de segui-los. As pessoas que dizem que não tem alternativa acabam não tendo mesmo.. Porque elas mesmas na mente e no coração já se limitaram.

Pensando nisso, decidi colocar em prática o discurso e ir atrás das possibilidades que pareciam interessantes para mim. Logo de início encontrei um curso de formação de professores de yoga com uma indiana super tradicional e bem indicada por conhecidos que se formaram com ela e fiquei namorando a possibilidade de largar tudo. Ela demorava um tempo pra responder dizendo se eu seria aprovada ou não, mas no final recebi uma resposta positiva. Agora só o que faltava era a coragem pra abrir mão do conforto, status, dinheiro e me tornar “apenas” uma recém-formada desempregada.

No fim das contas, achei que poderia perder algumas coisas, mas não perdi nada, ganhei. A gente nunca perde quando escuta a si mesmo. O curso de Yoga era em Barcelona, fui com passagem comprada pra ficar de junho a setembro, mas ao conhecer a tal da indiana – que hoje considero como minha guru e me identifico absurdamente –  decidi me jogar sozinha na Índia, lugar onde fiquei de setembro a novembro e acabei por ter a melhor experiência da minha vida.




Eu ainda vou fazer um post falando de como foi cada uma dessas etapas, Barcelona e Índia, não vou escrever sobre isso agora se não vocês não aguentam ler :)